Brisa da memória
À noite, antes de dormir, desceu para beber água. Sua mãe lhe pediu que levasse os cachorrinhos na calçada. Toda noite, antes de fechar o portão com todas as chaves, seu pai os levava, já estavam acostumados. Gostavam de ver o movimento e fazer xixi pelas paredes. Meio a contragosto, ela foi. Estava de pijama, não podia pisar além da linha do portão. Mas sentiu a brisa agradável da noite. Que coisa boa! Há quanto tempo não tinha uns minutos assim, pra sentir o ventinho, olhar para o céu, pensar em nada. Que noite gostosa pra puxar uma cadeira e sentar na calçada. Sim, houve um tempo em que as pessoas faziam isso. Quando a rua virava casa. Creio que ainda exista quem faz. Olhou ao redor, havia algumas pessoas batendo papo no vizinho de cima. Do outro lado da rua, mais pra cima, um solitário, em sua calçada, dedilhava o violão. Fechou os olhos e lembrou de sua infância, sem saber exatamente o por quê.
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