Dormiu bem, mas teve um sonho tumultuado. Uma perseguição. Um louco queria lhe dar uma injeção letal. Ela fugia, corria, mas o rapaz sempre a alcançava. E ninguém a ajudava, parecia que aqueles tantos conhecidos nem a viam. Por fim, ela teve de defender-se sozinha. Por uma manobra divina, o rapaz acabou acertando a injeção em sua própria barriga. Morreu na hora.
Acordou. Do quarto ouvia o som de Enya que sua mãe pusera na sala. Músicas calmas, porém tristes. Viajou longe, longe. Um misto de sentimentos. Demorou a se levantar. Foi até o banheiro, ainda ao som de Enya, e enquanto lavava o rosto, pensava em seu futuro. Futuro? Que futuro?
Percebeu que tê-lo num vislumbre e não poder alcançá-lo não era de todo ruim. Ruim mesmo era não ter qualquer vislumbre. Tudo o que tinha era o presente, e nada mais. Dura realidade.
Parou. Chega de pensar. Foi até a sala, trocou o CD. Preferia mil vezes a singeleza das crianças traduzida naquele som infantil. Muito, muito o que aprender. Viver o hoje. O inflexível hoje.
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