Sopro
A caminho do consultório médico, passaria numa lojinha do centro, comprar uns CD's. Seguia tranqüilamente. Trânsito lento, mas não tinha pressa. Pelo menos não naquele dia. Preocupava-se apenas em encontrar uma vaga para estacionar. Sempre evitava balizas. Guardas de trânsito indicavam um desvio. Isso explicava a lentidão. Via apenas um aglomerado de pessoas, próximo à sua loja-destino. Deu a volta. Estacionou. Caminhava e ouvia os comentários. Ocorrera um assalto e assassinato. Não via nada, o corpo já tinha sido levado. Observava as pessoas, sem diminuir nem apressar os passos. Não perguntava nada. Entrou, comprou, saiu. Caminhava pensando no ocorrido. Via uma senhora, amparada por um policial, que chorava muito, soluçava. Continuava seu caminho, com uma dor no peito e uma forte certeza de que o ser humano não passa de um sopro. Frágil. Desprotegido. Carente de algo mais.
E aquele homem morrera na Rua da Boa Morte. Boa?
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