quarta-feira, setembro 21, 2005

Sonhos

Notara que seus sonhos eram sempre interrompidos. Sempre que os tinha, daquele tipo, o propósito da história nunca era completo. Não alcançava seu objetivo. O mais simples acontecimento era impedido por milhões de pequenas circunstâncias que atrasavam a trama e, violentamente, arrancavam-na do final esperado. Bruscamente, seus sonhos não tinham finais. Se fossem finais exagerados, altivos demais... Mas não. Eram finais comuns, embora especiais. Especiais pra ela, mas comuns a qualquer outro. Nada mais que cenas do cotidiano. E não alcançava-os. Em seus próprios sonhos, sonhava com os finais, almejava-os e imaginava-os, mas nunca chegava neles.
Ironia ou não, sua vida era igualzinha. Seus sonhos nada mais eram que a visão da realidade.
Ficara perplexa com tamanha constatação. Será que nem em sonhos poderia viver o final feliz? Não, não era um final de contos de fadas. Era o simples e cotidiano final, comum a qualquer um. Menos a ela. A mais simples cena do cotidiano não fora vivida nem mesmo em sonhos. Tristes sonhos sem fim.

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